terça-feira, 20 de outubro de 2009

Méliès e o primeiro cinema: o início da trajetória

Posted on 10:03 by GM




A “invenção”, ou descoberta, do cinema, ou seja, como capturar e reproduzir imagens em movimento, foi um processo contínuo de avanços tecnológicos e novas invenções. Oficialmente, se considera como a primeira sessão de cinema aquela realizada em 28 de dezembro de 1895, onde foi mostrado a um público surpreso a nova máquina construída pelos irmãos Lumiére, o cinematógrafo.


uma amostra de vídeos exemplificando a produção dos irmãos Lumiere na época

Antes disso, já haviam várias experiências, mais antigas e mais recentes, de reprodução de movimento, geralmente ligadas a técnicas de animação de imagens. Já em 1894 Thomas Edison inventa o Quinetoscópio, uma máquina que reproduzia pequenos filmes dentro de uma caixa preta, por onde se olhava através de um visor. Porém, nesse aparelho não havia a possibilidade de exibição, já que somente uma pessoa poderia assistir o filme por vez. O invento fez muito sucesso, e foi sua chegada à França que despertou os irmãos Lumiére para a produção e reprodução de imagens em movimento.

Isto culminou na noite de 1895, que certamente fez grande sucesso com o público, e passou a ser repetida e evoluída até os dias atuais. Porém, antes da importantíssima exibição os irmãos Lumiére fizeram uma sessão de teste, na noite anterior, somente para amigos e conhecidos. Dentre eles estava Georges Méliès, que havia tornado-se conhecido do patriarca Lumiere devido a seu interesse por fotografia.

Diz-se que Meliés o encontrou na escadaria de seu prédio e o convite foi feito, com a justificativa que, devido ao gosto de Méliès por trucagens e espetáculos de magia, ele deveria certamente se interessar pela nova invenção.

De fato, Méliès apaixonou-se subitamente pela nova invenção, rapidamente perguntando a Lumiére se esta se encontrava à venda. Diante da recusa do amigo, Méliès decidiu construir o seu próprio projetor.

Algum tempo depois, graças à ajuda de um engenheiro, Méliès possuía uma câmera e um projetor, e estava livre para realizar seus filmes.

Nota-se facilmente a diferença entre os filmes de Méliès e Lumiere, mas, segundo COSTA (1995), ambos serviam ao principal propósito do primeiro cinema: o cinema de atrações. Ou seja, ainda que possua uma abordagem mais “artística” e lúdica, os filmes de Méliès eram feitos com o intuito de divertir o espectador e surpreendê-lo, como num espetáculo de magia.

Grande parte desse caráter dá-se ao fato de que os filmes nesta época eram geralmente exibidos em feiras e parques de diversões , em meio a vários tipos de divertimentos. Assim, os filmes bem-sucedidos eram aqueles que chamavam bastante a atenção do público, seja com mágicos e incríveis efeitos especiais, seja mostrando partes exóticas do globo ou eventos públicos.

Mesmo a atuação dos atores e o posicionamento da câmera são influenciados por esta característica atribuída ao cinema de então. Ainda segundo COSTA (1995), a gestualidade dos atores é baseada no teatro do século XIX, com gestos afetados e exagerados. A câmera era estática, voltada à cena como um espectador assiste a um espetáculo, e os atores se dirigiam à mesma dessa forma. Toda a construção das cenas fictícias não possuíam intenção de veracidade, desde os cenários até os próprios “enredos”, entre aspas, já que a narrativa não era necessariamente existente em tais filmes.

Todas estas características estão presentes no cinema de Georges Méliès, que contribuiu imensamente ao primeiro cinema, atribuindo a este a possibilidade não só de retrato da realidade mas sim de criação de novas realidades e outros tempos.




um exemplo de esquete produzida por Méliès, de caráter teatral e pequena ou nenhuma narrativa

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